8 de outubro de 2011

Okami (Wii) - Análise

Poucos títulos hoje em dia tem o apelo de Okami, clássico moderno da Capcom. Lançado originalmente para o PS2, mas portado para o Wii, Okami é um título difícil de definir. Uma história envolvente, um visual muito belo, uma trilha sonora magnífica e uma jogabilidade quase impecável. Tudo no jogo é magnífico e sempre tem aquele ar de novo. Mas, como posso defini-lo melhor? Só através da análise.

História: Mitologia japonesa com ótimas doses de ação e humor
O jogo começa com uma longa introdução. Durante a introdução, é contada a história do pequeno vilarejo de Kamiki, onde um monstro chamado Orochi (que, em japonês, significa Cobra) causava muita dor ao escolher uma donzela para seu sacrifício anual. Sempre nas vésperas do sacrifício, um lobo branco ficava à espreita da vila, sempre observando tudo o que podia. O lobo fora chamado pelos vilões (habitantes da vila, não inimigos) de Shiranui e foi considerado como um aliado de Orochi. Uma noite, o bravo guerreiro Nagi decidiu ir no lugar de sua amada, que havia sido escolhida para o sacrifício. Ao chegar no lar do monstro, Nagi se pôs a enfrentar Orochi. O monstro, protegido por uma espécie de escudo, não sentiu os ataques de Nagi. Quando o guerreiro estava exausto, e viu que estava vendo a própria morte, Shiranui, o lobo branco, surgiu na caverna. O lobo se pôs a enfrentar Orochi e uma grande batalha ocorreu. Orochi estava ainda protegido, e Shiranui saiu terrivelmente ferido da luta. Com suas últimas forças, o lobo deu um uivo para o céu escuro e a luz da lua brilhou fortemente. A luz brilhou na espada de Nagi, que estava escondido nas sombras e, com movimentos rápidos, ele destruiu Orochi. Nagi colocou sua agora sagrada espada na caverna e levou Shiranui consigo de volta para Kamiki, onde o lobo branco se transformou em uma estátua. No entanto, exatos 100 anos depois, Orochi retornou à vida e cobriu toda a terra de Nippon com maldições. É nesse contexto que Shiranui ressuscita, se mostrando na verdade como a deusa do sol Amaterasu, uma das principais divindades do Japão antigo. Para deter Orochi, Amaterasu, junta de um pequeno artista, Issun, começa a viajar pela terra de Nippon, livrando-a das maldições que agora a cobrem.

O jogo tem um ótimo apelo em sua história. Apesar do tom de seriedade e a sensação de um mundo ameaçado, existem momentos em que boas risadas podem ser dadas. Cortesia de Amaterasu e Issun. Por ser um lobo, Amaterasu não fala, mas sabemos (quase sempre) o que ela está sentindo. O próprio Issun, um rapaz que não sabe ver uma garota bonita sem cair babando por ela, é outro exemplo. Com isso, o desenvolvimento dos personagens é excelente e incrivelmente natural.


Jogabilidade: Clone de Zelda?
Um dos títulos que Okami possui é o de "Melhor clone de Zelda". Como ávido fã da série The Legend of Zelda, esperava muitas coisas de Okami. E, de fato, existem alguns pontos que lembram a épica série da Nintendo. Exemplos seriam o vasto senso de exploração, ou o diálogo em texto.
O primeiro ponto são os controles. O jogo se altera em dois momentos: o de exploração e o de batalha. No de exploração, os controles são maravilhosos e fáceis de se aprender. A fluidez destes lhe permite visualizar uma longa caminhada como algo animador até. E, acredite, até certos pontos do jogo, Ammy (como ela é chamada por Issun) andará bastante pelos largos e belos campos abertos de Nippon. Já o de batalha, nos controles do Wii, pode não ser tão bom assim. Apesar de os controles serem bem semelhantes, para atacar, o jogador deve chacoalhar o Wii remote. O problema é que é necessária uma certa cronometragem para que os ataques se mantenham em sucessão, e atingir essa cronometragem pode ser algo muito difícil. Isso se salva porque o jogo lhe dá uma grande quantidade de armas (cada uma com um tipo de controle um tanto diferente), dentre elas um tipo de chicote que não requer a cronometragem do escudo, por exemplo, apesar de ser uma arma mais fraca.

No quesito de exploração, o jogo se mostra um tanto linear, mas ainda faz jus ao nome e coloca o jogador para explorar e ter sede de conhecer cada ponta do gigantesco mundo. Side-quests, por exemplo, são bem comuns e requerem pelo menos um pequeno conhecimento de áreas do jogo. Cada side-quest contempla o jogador com um pouco de Praise, que será explicado mais adiante. A existência dessas buscas opcionais não faz qualquer problema à busca principal, na verdade, cada uma delas se encaixa com o que você fez na busca principal, de certa forma. Por exemplo, uma dupla de vendedores de chá se veem com problemas porque um utensílio fora roubado e eles não conseguem seguir em frente, devido à maldição na terra. Quando a maldição é retirada, eles ainda não sabem o que fazer, mesmo vendo que a maldição fora retirada. É algo bem básico, mas bom, de qualquer forma.

Uma das diversas coisas que podem ser encaradas como inovações em Okami é o chamado Celestial Brush, um tipo de pincel que Ammaterasu utiliza para fazer coisas especiais, como, por exemplo, cortar ávores ou pedras, fazer plantas florescerem, levar a água para um canto específico ou mudar o tempo de noite para o dia e vice-versa. Para executar esses comandos, o jogador deve pressionar o botão B e mantê-lo pressionado enquanto, com o botão A, acompanhado da mira do Wii Remote, pinta um traço ou um círculo ou algo semelhante na tela. Dependendo da forma (ou do local) em que esse poder é aplicado, as habilidades irão surgir e fazer seu efeito. Muitas delas funcionam em ambos os tipos de local: exploração e batalha.

Um ponto que deve ser observado é a forma escolhida no jogo para a melhoria de Ammy. O jogo requer que você melhore suas habilidades de uma forma muito semelhante a RPG's. Para aumentar a sua quantidade de vida, ou de pontos de tinta (necessários para o Celestial Brush), ou, até mesmo, para aumentar a carteira, o jogador precisa adqurir Praise (louvor). Existem diversas formas para isso: seja completando side-quests, alimentando animais, retornando árvores e outras áreas de plantas ao seu estado original e por aí vai. Quando você possuir Praise o suficiente, você pode, manualmente, aumentar o atributo que mais lhe interessa.

Agora, a dificuldade do jogo também é algo a se falar. Okami possui diversos quebra-cabeças excelentes. Alguns deles são rápidos, enquanto outros levam um tempo considerável. No entanto, as batalhas são outra história. Enquanto que os controles de ataque podem não ser tão agradáveis, as lutas geralmente são um tanto fáceis. Além de possuir a capacidade de usar itens de cura quando você bem entender (além do fato deles serem baratos), a utlização do Celestial Brush deixa as coisas muitíssimo mais simples. No meu caso, não cheguei a ver nem mesmo a tela de Game Over. Claro, existe um certo desafio em algumas lutas (especialmente as de chefes), mas elas não são tão difíceis a ponto de você dar várias tentativas e não conseguir.

Para aqueles que gostam de jogos longos, Okami é um título bem extenso, sendo necessárias cerca de 20 a 30 horas para terminá-lo pela primeira vez.

Gráficos e trilha sonora: Uma combinação perfeita
Quem viu os gráficos de Okami sabem bem como são belos. O estilo do jogo lembra os desenhos e escritas do Japão do passado e combina muito bem com a temática. Ao olhar para o título, se sabe que você olha para uma espécie de pintura em movimento. Okami é de encher os olhos de qualquer jogador.

Agora, os gráficos se mostram uma incrível representação visual da trilha sonora. A música escolhida para o jogo é justamente a que você espera de um filme japonês de samurais ou ninjas. O estilo musical é impecável e muito bem aplicado. Muitas das trilhas são boas, e algumas até chegam a ser marcantes.

Conclusão
Ao terminar de jogar Okami, fiquei me perguntando porque tantos dizem que o jogo se assemelha a Zelda. Claro, existem semelhanças aqui e acolá, mas, o jogo em si tem um brilho próprio e possui um apelo diferente do da épica série de Shigeru Miyamoto. Okami é especial, e tem um apelo muito maior do que o de centenas de outros jogos de sua época, assim como os de agora. Idade não diminuiu nem enfraqueceu este clássico moderno em absolutamente nada e, sem dúvida alguma, o jogo merece atenção de todos os que puderem jogá-lo.

Okami tem tudo para ser uma nova franquia de longo prazo da Capcom e merece mais do que ser conhecido mais como um "clone" de uma poderosa franquia. A história de Amaterasu tem um brilho especial e é recomendável a todos os que gostam de videogames.

Controles: 9.0/10.0
Gráficos: 10.0/10.0
Trilha Sonora:10.0/10.0
Jogabilidade: 10.0/10.0

Nota final: 9,75

Um comentário: